quinta-feira, 28 de novembro de 2013

De Hippie a Pippi



Os Hippies. 
Uma geração revolucionária não haja dúvida.



Liberdade, Natureza, Drogas Alucinógenas,
Paz, Flores e Rock n' Roll





...

Pippi Langstrump (versão original em sueco)

Pippi Longstoking (versão em inglês)

Pipi das Meias Altas (versão em português)


Penso que toda a gente já ouviu falar nesta clássica personagem.

Mas para quem não conhece ou não se lembra, aqui vão umas imagens para ajudar:


Versão Livro





Versão Cinema/TV


Versão de Animação





E porquê estar a falar de coisas tão indiscutivelmente diferentes?

Apenas nostalgia.


Eu vesti-me, no carnaval, de hippie no 5º ano e no 6ºano optei pela máscara da pippi.

Engraçado será dizer que alguns dos estilos de que falei no post anterior tiveram influências posteriores a estes carnavais.


Aliás, voltei a vestir-me de pippi já no meu 12ºano para uma festa de anos.


Estranho não?


O meu estilo de hoje já muito pouco tem de hippie. E de pippi provavelmente só as botas e as collants coloridas.




Mas continuo a olhar para estas imagens e a pensar... ficar-me-ei por aqui ou ganharei um novo estilo?






sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Vestuário - As Histórias dos meus Estilos



Todos nós já passámos pela fase do "Eu não quero que me vistas, agora sou eu".

Bom, talvez eu tenha chegado a essa fase cedo demais.

Tão cedo, que a minha mãe quase teve um ataque cardíaco.

Estas são as palavras dela: "Mas tu sozinha vestes-te tão mal".


Verídico.


Mas sinceramente, todas as mães têm de passar por isto mais cedo ou mais tarde, certo?


Enfim...


Eu tive muitos estilos e experiências de vestuário ao longo dos anos. E adoro mudar!

Não é à toa a escolha da minha profissão de Designer de Moda.


Lembro-me daquilo que vestia no final do segundo ano e do terceiro na Escola Primária da Golegã.

 Na altura não se chamavam leggings (pelo menos não cá em Portugal) mas eu usava umas calças de algodão elásticas muito coloridas e justas ao corpo; e também umas t-shirts largas com logotipos de marcas, ou frases ou bonecos. Um estilo simples para brincar, correr e sujar-me (essa principalmente).
Durante os dias quentes eu andava sempre com uma trança (se conseguisse convencer o pai a fazê-la).

Quando fui para o Colégio Andrade Corvo, em Torres Novas, deixava a minha mãe vestir-me porque os outros miúdos tinham (quase) todos um estilo "muito betinho e arranjadinho". E já tinha chegado lá a meio do primeiro período, por isso tinha de fazer o mínimo esforço para me integrar.


No ciclo de Abrantes, a escola D. Miguel de Almeida eu tinha um estilo muito prático e desportivo. Usava fato de treino e andava muito de cores neutras. E usava muito o rabo-de-cavalo. Sempre de cabelos apanhados.


No liceu de Abrantes, Escola Dr Manuel Fernandes, no sétimo ano, comecei a sentir grandes mudanças no corpo, por isso usava roupas largas. Calças largas, t-shirts, grandes casacos.  Cortei o cabelo acima dos ombros.

No oitavo, nono e décimo (de ciências, importante salientar) tentei explorar a minha feminilidade, usando sombras de olhos (um pouco), brincos, pulseiras e outros acessórios. Troquei as calças e as t-shirts largas por calças justas (jeans) e tops um pouco mais justos e com feitios diferentes (alças, gola barco, sem alças).


Pelos vistos fartei-me disso porque quando fui para a Maria Lamas, agrupamento de artes o meu estilo deu uma reviravolta. Nem tive tempo para explorar a maquilhagem como uma rapariga normal da minha idade. Adoptei um estilo colorido, meio freaky, meio desorganizado.


Durante a universidade o meu estilo começou a organizar-se melhor. Juntei uns acessórios. Alguma (muito pouca e discreta) maquilhagem. Cores mais escuras. Fiquei com um estilo étnico.


Enquanto estive em São Paulo, Brasil, só usava jeans com vestuário o mais simples, o mais discreto e com as cores mais neutras possível.

Quando voltei à Covilhã, voltei ao meu estilo étnico.


E agora, aqui, em Lisboa, o meu estilo voltou a mudar.

Embora ainda tenha alguns vestígios dos meus últimos "guarda-roupas", o meu estilo mudou bastante. O preto tomou conta do meu guarda roupa. E outras cores escuras também. A maquilhagem não pode faltar. Batons, principalmente. Pendentes, anéis, brincos simples e pequenos. As cores garridas ganharam um lugar especial nas minhas unhas e cabelo.


Como podem ver eu tenho matéria suficiente para escrever um livro intitulado "História do meu Estilo"


=)


segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Cães e Cadelas da Minha Vida




Dick

O Dick foi o meu primeiro cão. Porque lhe deram este nome? 

Foi o meu pai. Ele havia tido um outro cão da mesma raça e com o mesmo nome.

Por isso tenham respeito e não pensem em inglês. (Oh está bem, riam-se um bocado, mas não abusem pff)

Já agora, era um pastor alemão.

O Dick foi abatido depois de uma depressão que o fez atacar-me quando eu tinha 14 anos.

Acho que foi das piores coisas que o meu pai fez.

Simplesmente não foi justo.

Ele só atacou a minha mão. E é certo que tenho alguma cicatrizes até hoje e não sei quê, mas sinceramente, é mesmo esta mensagem que queremos passar às gerações futuras? Que um animal estar doente psicologicamente é motivo para abate?

Tenho saudades tuas, Dick. E ainda hoje está uma foto tua no meu quarto na casa dos meus pais.


Star

Como sabem, a Star já faleceu.

A Star era de Raça Lobeira. Era de uma espécie de mistura entre Pastor Alemão e Rafeiro. O seu pêlo era, na sua maioria, cor de mel. Muito linda, devo acrescentar.

Tinha uma personalidade forte e era muito transparente com os seus sentimentos.

Tinha uma profunda admiração por cada um de nós. E sempre que nos via ir em direito a ela atirava-se para o chão de patas para o ar porque queria festas na barriga.

A situação dela foi bastante diferente da do Dick, mas também foi cedo demais.

Não sabemos bem o que aconteceu. Ela começou a ter alguns ataques esquisitos ao fim de umas semanas de ser operada a um tumor mamário.

Uma reacção tardia à anestesia? Talvez.

A verdade é que isto de operar os animais tem muito que se lhe diga.

Por favor, tratem os vossos animais da melhor maneira possível.

Para mim, eles são como membros da família e vê-los partir é dos piores sentimentos que existem.

Se quiserem podem ver ou rever o artigo: http://bigcrazyhappylife.blogspot.pt/2013/09/homenagem-star.html


Luna

A Luna ainda é viva e tem 9 anos.

Ela é uma Pastora Belga de cor preta.

A Luna é uma cadela mais reservada. Gosta de guardar os sentimentos mais para ela.

Mas é muito pura de coração. Não é ciumenta e contenta-se com o que tem.

Depois da morte da Star, a Luna mudou um pouco. Acho que ainda ficou mais introvertida. E até aquilo que ela mais gostava de fazer, comer, perdeu intensidade.

Mas penso que será a maneira dela de fazer o luto.

Apenas desejo que a cadela ultrapasse da melhor forma esta perda e faça o luto para aproveitar o resto da sua vida.

Adoro-te muito Lulu!


Cacau

O Cacau também já não está entre nós.
Teve uma vida muito curta devido a uma doença genética.

Nunca soube ao certo a sua raça, mas penso que era um Cocker Spaniel Inglês.

E era, imaginem só, cor de cacau.

Tentámos ao máximo que a sua curta vida fosse o mais feliz possível. E acho que conseguimos. Aquela criatura passava o dia a abanar o rabo e a tentar lamber-nos.

Era um amor!

Infelizmente passei pouco tempo com ele porque o cão foi dado à minha mãe e eu passava a semana na Covilhã e nessa altura fui durante 5 meses para o Brasil.

O Cacau durou apenas cerca de 1 ano.


Mas foi um ano com muito amor. Dos dois lados.

E por isso também ficaste no meu coração, marcado para sempre.






Como já devem ter percebido os meus animais são das coisas mais importantes que tenho na vida.

São como membros da família.

E apenas quero dar-lhes uma vida confortável, saudável, feliz e cheia de amor.


Adoro-vos a todos do fundo do coração e obrigada por todos os momentos que me deram! <3











domingo, 15 de setembro de 2013

O Acampamento no Jardim



Era Verão. 

As noites eram agradáveis.

Então o que poderia ser melhor do que fazer campismo ao luar ou uma festa do pijama e do terror?

À partida parece uma ideia fantástica. 

Mas quando esta envolve 3 miúdas de 12 anos e uma mini tenda no quintal da minha casa, a coisa pode não correr muito bem.

E houveram três coisas muito horríveis naquela noite:

1 - O meu pai decidiu meter medo às minhas amigas contando-lhes que existiam noites em que aparecia por aquelas bandas um famoso gato sem cabeça. 

2 - Havia aquele jogo horrível em que se dava três voltas em frente a um espelho com as luzes apagadas e se viam coisas estranhas e nós decidimos fazê-lo à noite, na casa de banho do quintal ao pé da piscina.

3 - Apesar de não ter medo de praticamente nada e adorar filmes de terror, uma delas reparou que era noite de lua cheia e que tinha algumas nuvens a atravessá-la como nos filmes de lobisomens e por isso desatou a gritar.

No início até fizemos um sorteio para saber qual de nós ficaria no meio, visto que ninguém queria ficar.

Claro que me calhou o meio a mim. 

Mas o mais engraçado é que depois de estarmos cheias de medo dentro da tenda, o meio acabou por ser o lugar disputado. 


Não abdiquei dele por nada.


Mas acabou por ser uma experiência que nunca mais iremos esquecer.


Acho eu...




domingo, 8 de setembro de 2013

Homenagem à Star




Mais do que uma amiga.

Pura. 
Alegre.
Meiga.
Simples.

A Star era uma cadela muito carinhosa. 
Adorava dar e receber amor.

Era especial e cheia de vida.

Moraste na nossa casa durante 10 anos.
Agora tens uma nova morada.
Mas sempre viveste e viverás no meu coração.

Obrigada Star




14 de Abril de 2003 

//

 8 de Setembro de 2013

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Festas de Aniversário




Eu raramente era convidada para festas de aniversário.

Não era uma miúda muito popular por isso era uma situação normal para mim.

Mas as festas mais fixes a que eu fui nessa época eram as de uma colega minha (não vou nomear nomes) mas ela fazia festas na garagem que pareciam discotecas. Os adultos ficavam na sala no andar de cima por isso ainda era melhor.


E ela convidava o pessoal mais popular dos nossos anos e da turma.



Na altura as músicas que ouvíamos eram: Madonna; Britney Spears; Christina Aguilera; Shakira... Enfim Pop dos Anos 90/2000. Mas claro que os gostos variavam.

Devo confessar que sentia uma profunda admiração por estas miúdas que conseguiam ter festas e fazer com que todos fossem. As festas eram sempre um sucesso.


Claro que com o tempo percebi que essas não são as coisas mais importantes na vida.

Mas vá lá, quem é que na pré-adolescência não gostaria de ser popular e ter um monte de amigos? Ir para todo lado, ser seguida e admirada, tudo o que vestimos é uma tendência.

Queria ser como elas. Mas era algo que não conseguia fazer porque aquilo de que eu gostava era demasiado diferente e estava demasiado enraizado. Devia ser uma espécie de crise de identidade que, felizmente, com o passar do tempo acabou por desaparecer.

Vocês devem de estar a pensar: Mas se ela não era muito popular como conseguia ir a essas festas?

Só haviam cerca de três raparigas que me convidavam para festas e que eram as mais fixes.

Duas delas eram filhas de colegas de trabalho da minha mãe e a outra era uma querida e eu acredito que gostava de mim, tal como eu era.










quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Tardes no Apartamento de Abrantes, no Instituto de Reinserção Social e na Biblioteca Antonio Botto



Quando estive na escola de Abrantes as tardes livres eram um problema.

Como era longe de casa não havia forma de eu poder estar confortável num sítio meu.

Por isso as minhas tardes eram partilhadas entre o trabalho da minha mãe, no Instituto de Reinserção Social e a Biblioteca Municipal de Abrantes.

Mais tarde, o meu pai decidiu investir num apartamento na Encosta da Barata, em Abrantes, para alugar e ganhar algum dinheiro.

Enquanto ainda não havia ninguém, esse passou a ser um dos sítios para onde eu ia passar algumas tardes. Os meus pais colocaram lá um video e eu ia ao clube video que havia ali perto alugar cassetes de VHS.

Houve até um episódio bastante engraçado que aconteceu quando eu decidi levar para lá duas amigas.

Nós fomos ao clube video e queríamos alugar um filme de terror.
Nós só tínhamos 10 anos e julgávamos "o livro pela capa" se é que me entendem. Vimos uma cassete com uma capa assustadora e decidimos que era aquele.

De nós três só uma é que adorava mesmo filmes de terror e acaba sempre por nos convencer a vê-los. O que era mesmo assustador.

Levámos a cassete e quando chegámos a casa sentámo-nos no sofá a vê-lo.

Vocês não imaginam qual era o filme que afinal estávamos a ver pois não?

THE NIGHTMARE BEFORE CHRISTMAS DO TIM BURTON!!!



Hoje em dia este filme é um clássico, mas naquela altura nem por isso.

No princípio ficámos desapontadas. Com certeza tinha havido uma troca de cassetes ou então a capa na altura era realmente assustadora. Mas claro que acabei por me sentir aliviada por não ter de ver um filme de terror e não dormir nessa noite.

As tardes na Biblioteca eram mais calmas. Eu levava para lá os trabalhos de casa e os livros da escola e passava metade do tempo a estudar. Na outra metade do tempo lia livros. Um que eu adorava mesmo muito era o Dicionário do Pai Natal. Tinha umas ilustrações fantásticas e dava para rir.





No trabalho da minha mãe eu divertia-me a fingir que trabalhava ali. Pedi à minha mãe uma gaveta só para mim e material com os símbolos da Reinserção Social. Fingia que fazia relatórios, ofícios, processos, telefonemas, enfim... Era super engraçado! E eu adorava lá estar. E gostava muito dos colegas das minha mãe. Eram super simpáticos e amorosos comigo. Um sincero obrigada a todos.




Nalgumas ocasiões, mais raras, eu ia para casa de outros. E acho que essas eram as minhas tardes favoritas =)








domingo, 1 de setembro de 2013

Menina do Mar e Ulisses



Ler foi o meu refúgio.

E como já referi anteriormente eu li muitos tipos de livros.

Mas os meus tipos de livros preferidos são do fantástico.

E o que eu comecei a ler que começou por estar perto disso, eu tinha 10 anos, e foram:

A Menina do Mar de Sophia de Mello Breyner Andresen.



E o Ulisses de Maria Alberta Menéres!




Livros que dei na escola no 5º e 6ºs anos, se não me falha a memória.


Eu ADORO estes livros.



Infelizmente, a terrível mania da minha mãe de arrumar, encaixotar, guardar nos sítios mais horríveis da casa (arrecadações e cave), deitar fora tudo o que tenha mais de cinco anos,...

...fez-me ficar sem um destes livros. Estas eram as edições do meu tempo. Hoje tenho uma edição recente da menina do mar.





Mas o livro do Ulisses ainda conservo desde o meu 6ºano.



Estes foram o livros que mais me marcaram!



Aqui está a prova!


XXX

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O Mês de Agosto era no Tramagal (Parte II)



Ser filha única nunca foi tarefa fácil.

E naquelas semanas em que os meus primos não estavam comigo, eu tinha de me ocupar e divertir de maneiras diferentes.

Havia a televisão, claro.
Com quatro canais.

E felizmente que eu levava alguns "brinquedos" para lá.

Mas não era o suficiente.

Foi nessa altura que comecei a apanhar o gosto pela leitura.

Foi aos poucos. 

Começou com os livros infantis que a minha avó tinha em casa e que eu levava também.

O Bolinha.

A Anita.

A Luluzinha.

Tio Patinhas e outros Clássicos Disney.

A Turma da Mónica.

Até havia um livro muito velho que se chamava o "Rapaz dos Hipopótamos" que eu devo ter lido centenas e centenas de vezes.













Enfim...

Com o tempo eu comecei a pedir outros livros à minha mãe. E numa das vezes em que ela foi visitar-me (durante a minha estadia em casa da avó) ela trouxe-me um livro de dramas adolescentes.

Na altura eu ainda tinha entre os 9 e os 11 anos por isso os dramas adolescentes pareciam-me um absurdo e ao mesmo tempo muito engraçados.





Mas claro que também comprei Clube das Chaves, Triângulo J, Uma Aventura, etc etc etc.


Eu comecei a ENGOLIR livros!!!

Tanto que ao fim de algum tempo os meus pais começaram a reclamar por gastarem tanto dinheiro em livros. (Ainda hoje reclamam por EU gastar muito dinheiro em livros... ridículo).

A maior parte dos pais queria que os seus filhos lessem e insistiam para que eles fizessem um esforço.

Comigo foi totalmente ao contrário.


"Não precisas de mais livros, Inês"

"Faz outra coisa senão estragas a vista, Inês"

"Não leias enquanto estás a comer, Inês"


Tinham de se esforçar muito para eu deixar as leituras.

A leitura era um mundo novo para mim. Eu adorava os enredos e as histórias. Tudo, tudo, tudo.


Como vos falei na primeira parte deste artigo (2 de Agosto 2013), eu também gostava imenso de desenhar.


Desenhava os meus amigos imaginários e a família perfeita.

Com as histórias que eu descobria nos livros tornou-se mais fácil inspirar-me para criar mais histórias e personagens com todo o tipo de vidas, estilos, etnias...


E foi assim, de uma forma um tanto estranha, que eu desenvolvi as minhas principais grandes paixões.


=)


quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Laboratório de Experiências e a Piscina



Devem achar estranho isto do... Laboratório de Experiências!

Mas eu sempre fui uma curiosa.

Um dia pedi ao meu pai que me desse uma das suas mesas velhas da arrecadação.

Na altura a casa ainda estava a meio de algumas obras no quintal.

Incluindo um enorme buraco aberto no meio da terra que mais tarde viria a ser...

...uma piscina!

E para mim não havia nada mais fascinante do que ter um enorme buraco com alguma água das chuvas no meio do quintal para eu explorar.

O buraco ficou aberto cerca de um ano, por isso tornou-se numa espécie de pântano. Com lama, insectos, águas nojentas, e até um monstro dos pântanos. Quem sabe? Com o estado em que aquilo ficou qualquer um iria acreditar que se desenvolveram ali formas de vida mutantes.

Claro que, para conservar tudo aquilo que apanhava (e devo acrescentar que não eram coisas bonitas) eu tinha de ter um espaço só para mim. E não podia ser dentro de casa. Lá morava uma maníaca das limpezas que deitava raios laser por todo o lado se nós NOS ATREVESSEMOS a pisar o chão da casa com sapatos da rua. Claro que essa "criatura" era nada mais nada menos que...

a minha Mãe!

Ah, bons tempos esses...

Os tempos em que eu "caçava" tudo e mais alguma coisa e conservava em frascos de todos os tamanhos e feitios.

Mas não coleccionava apenas bichos. Mas também pedras, fios de electricidade coloridos, plantas, terra e outras porcarias que ninguém vai querer saber. Principalmente, mães que estejam a ler este blogue e que tenham tendências maníacas para a limpeza.



Mas esses tempos duraram pouco.

Quando a piscina chegou, o laboratório foi à vida.

Mas vieram novas experiências.



E a minha paixão pela água surgiu novamente...






domingo, 25 de agosto de 2013

Novo Ano, Nova Fase, Nova Cidade, Nova Escola




Não, não...

Desta vez não voltei a mudar de casa. 
Só de escola.

Mas desta vez pude respirar de alívio.

Nenhuma escola poderia ser pior que a anterior.

Achava eu.

Quer dizer, não posso dizer que a seguinte foi pior, mas também não posso dizer que foi a melhor.

Digamos apenas que foi a melhor das piores.

Abrantes, 1999.

Acho que devo ter tido todo o tipo de experiências estranhamente (a)normais (decidam vocês) que alguém como eu poderia ter tido aos 10 anos de idade.

E estou a referir-me a positivas e a negativas.

Brinquei muito.
À corda, ao elástico, à apanhada, às escondidas, ao berlinde, ao corredor da morte, ao verdade e consequência, aos pókemon,...

Fui gozada e humilhada.
Por alguns (falsos) amigos, por alguns colegas, por alguns professores...

Fui ameaçada com um canivete.

Fiz amigos de todos os tipos.

Vi os meus primeiros filmes de terror.

Tive as minhas primeiras paixonetas.

 E as minhas primeiras desilusões.

Fui a festas.

Tive a minha primeira péssima nota.

Recebi as primeiras faltas disciplinares.

Dei o primeiro mergulho na minha piscina.


Enfim...


Tudo isto no 5º e 6º ano de escolaridade!






quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Homenagem aos Avós Paternos




Pego, Abrantes.

A meio de uma ruela, lá estava ela.

A casa dos avós paternos.

Nunca me vou esquecer do sorriso aberto da avó Lurdes sempre que me via e de como o avô Benevenuto, ou avô "Nuto" como eu, carinhosamente, lhe chamava, ficava contente por me ter lá uns dias em casa.

Nunca me vou esquecer da colcha amarela e branca da cama e do roupeiro antigo com um grande espelho onde eu passava horas a fazer macacadas.

Nunca me vou esquecer do cheiro das torradas pela manhã que a avó fazia no fogão à maneira antiga nem do avô a descascar-me uma fruta depois do almoço.

Nunca me vou esquecer das tardes no parque dos baloiços com o avô ou as tardes em casa da prima Anita com a avó a fazer pão.

Das couves com feijão da avó nem das cartas de jogar do avô.

Não me vou esquecer de quando eu e o avô íamos jogar no totoloto e ele me dizia para eu escolher os números porque dava sorte.

Não me vou esquecer das lições de bordados da avó (embora seja péssima nesse tipo de actividades).

 De quando eu ficava a assar sardinhas com o avô na casa velha ou de quando ia para horta perto do rio Tejo com a avó.

Das noites em que adormecia no sofá a ver o único canal na velha televisão, a RTP1.

Do som do cão do vizinho a ladrar.

Da nota de 500 que o avô assinava para eu não gastar.

Da escova negra com que a avó me penteava todos os dias.

Não me vou esquecer dos momentos, das cores, dos cheiros, de nada dos dias que lá passei.


Não me vou esquecer de vocês e de tudo o que me ensinaram.


Obrigada.

Amo-vos!


Descansem em paz...



quarta-feira, 21 de agosto de 2013


(em cima) - eu e a filha da Chica, gata da Lena, não tenho a certeza absoluta mas penso que o seu nome era Tita

(ao centro) - eu e a Fifi a amamentar o seu bebé, o Pompom

(em baixo) - eu e a Madonna



terça-feira, 20 de agosto de 2013

Tangram



Há uns dias eu estava numa reunião da associação onde pertenço quando me lembro de contar uma história simplesmente fantástica à minha vice presidente.

A história do jogo tangram.

O Tangram é um jogo que apresenta várias peças de formas geométricas que se utilizava para fazer desenhos como coelhinhos, patinhos, um gato, uma pessoa,... (como na figura)




Um dia, quando eu andava na escola primária, a professora lembra-se de começar a jogar, para testar a nossa destreza e criatividade, e pede aos nossos pais para comprar o jogo. 

O jogo mais barato e simples para usar na escola era pequeno e as peças eram todas azuis.

Claro que o meu pai achou um total absurdo gastar o seu precioso dinheirinho num jogo desses e logo se desenrascou a pedir emprestado um jogo para mandar fazer umas peças semelhantes em madeira e fotocopiar o livro de instruções. E pronto!

Enquanto os outros iam com as suas caixinhas do jogo para a escola eu tinha um saco com umas fotocopias e umas peças em madeira que acabaram por inchar quando um dia apanharam água.


Fim.


Claro que ao ouvir esta história a minha vice apenas se lembra de afirmar que até percebia porque é que eu sofria de bullying. 

É justo. 
Eu também percebo.




segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Os Desenhos Animados e as Séries



Dragon Ball

Navegantes da Lua

Starla e as Jóias Encantadas

A Lenda de Zorro

Cinderela

Branca de Neve

Carrinha Mágica

Artur

Dartacão

O Inspector Gadget

Power Rangers

Rugrats

As Três Irmãs

Marés Vivas

Ursinhos Carinhosos (Care Bears)

Dark Angel

Pokémon

The Wild Thornberrys

As Told By Ginger

Hey Arnold!

Power Puff Gils

Cat Dog

Real Monsters

Marmalade Boy

Sponge Bob Square Pants 

Looney Toons

Pepper Ann

Sabrina

Lizzie McGuire

That's So Raven

Rocket Power

Recreio

Simpsons

Flintstones

Johnny Bravo

Braceface (Sorriso Metalico)

Friends

Goosebumps

Off Centre

Gummi Bears

Duck Tales

Tiny Toon Adventures

Animaniacs


São alguns dos desenhos animados e séries da minha época... Reconhecem algum?




sábado, 3 de agosto de 2013

O Mês de Agosto era no Tramagal




Toda a gente sabe que passar tempo em casa dos avós é COMPLETAMENTE diferente de passar em casa com os pais.

Sou filha única.

Isto já diz muita coisa. Passava demasiado tempo sozinha.

Haviam aqueles que tinham amigos imaginários e eu não era excepção. Mas eu desenhava-os a todos. E desenhava as suas famílias, criava histórias, dramas, uma vida inteira...

E isto começou no Tramagal.

Todos os meses de Agosto eu ia para casa da avó materna.

Este mês era dividido por duas fases.

A Fase com o João e o Pedro. E a Fase sem o João e o Pedro.

A primeira era simplesmente fantástica.

Os meus primos e eu éramos uma equipa e tanto.

Riamos e riamos horas e horas sem fim.

Bastava eu chegar a casa da avó deles (irmã da minha avó) e eles olharem para mim.

Não precisávamos dizer nada.
Desatávamos logo a rir.



Adorávamos os desenhos animados de acção e super-heróis.

Os clássicos: dragon ball e navegantes.

Mas houve um outro que inspirou a mais clássica de todas as brincadeiras.

Starla e as Jóias Encantadas




Nós pegávamos em molas da roupa e gritávamos:

"Pelo poder do Sol.
Pelo poder da Lua.
Pelo poder do Coração."

E desatávamos todos a rir e a atirar molas por tudo quanto era sítio.

Ao final do dia havia molas até na casa da vizinha.


Brincávamos aos casamentos e famílias.
Tocávamos às campainhas e fugíamos.
Fazíamos bolos de terra e massa de lacinhos.

E quando a irmã deles, a minha prima Priscila, estava por lá também, adorávamos chateá-la de morte até ela gritar de fúria.

Começávamos a gritar por ela e a chamar-lhe pintarola.
Quando ela estava mesmo aborrecida e com preguiça demais para nos atacar íamos provocá-la, dando-lhe beijos nos ombros até ela ter de se levantar para nos bater.

E quando estávamos mesmo aborrecidos, um dos rapazes perguntava: "Oh Inês, já viste as mamas da Priscila? São tão grandes!" e eu dizia: "Não devem de ser assim tão grandes".

Para analisar e confirmar o tamanho das mamas naquele verão íamos espreitá-la durante o banho.

Claro que quando ela descobria não ficava nada contente e já sabíamos que assim que se vestisse ia desatar a correr atrás de nós como uma gorila.
Era bastante divertido.

Para nós. Não para ela. Que já era adolescente.

Claro que uma hora ou outra éramos castigados e obrigados a ficar com as avós sentadinhos no sofá a ver televisão.

Cada vez que soltávamos um risinho ou olhávamos uns para os outros éramos controlados com uma mão de avó.
Isto quando uma delas não tinha ao pé de si uma colher de pau. Era bastande assustador.

Mas quando um de nós se lembrasse e gritásse: "ZÉ POMBO". Desatávamos a correr de um lado para o outro e a gritar. Não sei como não tivemos ataques cardíacos ou hérnias de tanto gritar.

As avós ficavam logo desalmadas a tentar sossegar-nos. Mas isso nunca acontecia e acabavam por gritar também: "Deixem-se disso! O homem é doente e nunca fez mal a ninguém."

Ainda gritávamos mais.

O Zé Pombo era um homenzinho que deambulava pelo Tramagal. Nem sabíamos bem porque tínhamos medo dele. Só sabíamos que ouvir o nome dele dava-nos um ataque de adrenalina e desatávamos a espernear e a gritar.

Era automático. Já não havia nada a fazer.



Por isso, quando os meus primos estavam no Tramagal ao mesmo tempo que eu, as nossas avós esticavam o segredo o mais que podiam porque sabiam que assim que soubéssemos que estavamos na mesma terra, já ninguém tinha descanso.

Mas não valia o esforço.

Nós sentíamos a presença uns dos outros de longe.

Assim que a minha avó via os gémeos no portão dela desatava a gritar aflita.

"Que estão vocês aqui a fazer? A Inês está sossegada lá em cima não venham buscá-la para fazer disparates!"

Claro que eu ouvia a avó a dizer aquilo e desatava logo a correr para ir ter com eles.

"Não te quero ao pé deles, Inês!" dizia muito aflita a avó.

Eu ignorava completamente.

Queria brincar.

Apenas e só.


E quando ela não deixava tinha de fugir.


Era a vida.

E vivi-a muito bem.










quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Fifi e os Gatos (Pt.2)




Este post é uma dedicatória a todos os gatos que já tive desde os meus 9 anos.

Fifi 

Que acabou por desaparecer depois da minha mãe ter dado o seu primeiro bebé, o Pompom, mesmo depois de eu a avisar que NUNCA se deve dar o primeiro bebé de uma gata principalmente se for único e mesmo sabendo que a Fifi me foi oferecida e era minha e portanto ela não tinha qualquer direito sobre eles.

Ronron (fêmea)

Uma gatinha que me foi dada pouco tempo depois da Fifi desaparecer para me consolar (como se os gatos se pudessem substituir). Eu adorava a Ronron, mas desapareceu por volta dos seis meses.

Eddie Murphy e Gwen Stefani

Também duraram pouco tempo porque a Gwen desapareceu por volta dos seis meses e o Eddie desapareceu alguns meses depois (provavelmente porque sentiu a falta da irmã).

Cocas e Becas (morreram com 2 anos e 1 ano, respectivamente)

Ron (morreu com cerca de 7/8 meses)

Arquimédes (morreu com cerca de 2 anos)

Madonna (ainda é viva e tem 9 anos)

Aristóteles (foi encontrado e acolhido com poucas semanas de vida, e apesar de sucessivas tentativas, morreu poucas semanas depois)

Edward (primeiro filho da Madonna, morreu com 2 anos)

Willie (desaparecido, provavelmente ainda vivo e anda perto da casa dos meus pais, foi visto há algum tempo atrás) e Bella (morreu com 4 anos)

Baunilha (ainda é viva e tem 4 anos)

Anita (ainda é viva e tem 3 anos)


Aos que morreram e aos que ainda são vivos, adorar-vos-ei para sempre. 
Obrigada pelos bons momentos que passámos juntos, principalmente, naquelas horas em que os meus pais estavam ocupados e eu (filha única) ficava sozinha em casa.








terça-feira, 7 de maio de 2013

Fifi



Madalena.

Ou Lena, como lhe chamava-mos. 

A Lena era uma amiga da minha mãe, muito carinhosa, que aceitava ficar comigo de vez em quando, quando a minha mãe tinha de trabalhar e não me podia deixar em mais lado nenhum.

O que era fantástico porque, a Lena não tinha filhos, mas sabia muito bem brincar comigo e deixar-me feliz. Jogávamos jogos de computador, víamos filmes, e enquanto ela preparava as refeições eu desenhava e pintava numas folhas ou num livro de pintar. 

Mas o melhor de tudo, a experiência que eu mais guardo com carinho dessa altura foi o que ela me ensinou sobre o que hoje é uma das minhas grandes paixões.

Os gatos!

Eu adoooro gatos! E tudo graças à Lena. 

Num dos dias em que a minha mãe me deixou lá, a Lena mostrou-me uma gatinha que tinha aparecido por lá. Era pequenina e muito traquina. A Lena tinha-lhe dado o nome de Chica.

A Chica foi uma gata muito especial durante os verões em que ia à Lena.  

Ela tornou-se uma companheira para a Lena e uma amiga para mim nos dias em que eu lá estava. Mas era uma gata muito exigente. Detestava festas na barriga e adorava dormir sem interrupções, sozinha, na parte de cima da casa da Lena. 

Um dia ela desapareceu. E nós ficámos muito tristes.

Mas foi por pouco tempo. E quando voltou, a Lena percebeu que a Chica estava grávida.

E foi assim que deu à luz o Teco.

O Teco tornou-se num gato muito grande e brincalhão. Eu adorava fingir que ele era um bebé e andava sempre a pegar nele ao colo e a apertá-lo.

Um dia, o Teco, que estava de mau humor, não gostou muito que eu o apertasse tanto e saltou-me para cima da cabeça e ficou lá agarrado com as unhas. 

E, claro, a Lena teve de me ir ajudar.


Mas acham que eu fiquei traumatizada?

Nem pensar!


Eu comecei a perceber que os gatos ainda eram mais fascinantes do que aquilo que eu pensava.

Eram especiais, exigentes, com as suas próprias manhas e personalidades fortes.

A Lena percebeu que eu estava completamente apaixonada pelos gatos. Ela gostava tanto deles como eu. Partilhávamos a mesma paixão pelo mundo felino.

E quando eu fiz nove anos a Lena pediu a uma vizinha dela para me arranjar uma gatinha. Uma gatinha só para mim. Para eu levar para a minha casa.

E foi assim que eu ganhei a minha primeira gata. 

A Fifi.







sábado, 4 de maio de 2013

O Colégio dos Horrores!



Era uma vez uma florzinha.
 Que começou a criar algumas raízes num pedaço de terra.

Era um pedaço de terra simples. E às vezes um pouco estranho.
Mas tinha coisas maravilhosas.

Era feliz.

Um dia chegam uns pequenos insectos voadores que agarraram nela.

Arrancaram as suas pequenas raízes e plantaram-na noutro lugar.

Esse lugar era cinzento e triste.

Quase não havia sol.

E a pequena flor começou a murchar.

Mas um dia levantou-se e disse: "Hoje estou num lugar triste, mas quem sabe amanhã possa arranjar um lugar melhor e ser feliz?"

E foi assim que a pequena flor voltou a desabrochar na esperança de viver dias felizes no futuro. 

Algo lhe dizia que esse futuro estava para chegar.




Gostaram?
Pois é, foi assim que me senti quando os meus pais voltaram a "desenraizar-me".


Em Novembro de 1998, fomos morar para uma aldeia perto da cidade de Torres Novas.

 E eu mudei de escola. 

Já estava no quarto ano. E já ia a meio do primeiro período.

Sabem o que é chegar a uma escola completamente nova e completamente horrível?


Foi o que aconteceu.


E como começaram a trabalhar em Abrantes ( a cerca de 30 km de Torres Novas) eu tive de ficar num colégio privado na cidade para ter horários mais alargados.



Engraçado porque o problema nunca foram os professores ou os colegas (bom, alguns eram um problema mas ultrapassei isso).

Mas havia alguma coisa que, simplesmente, não me "colava" àquele colégio.

Claro que houveram momentos divertidos. Eu sempre fui muito adaptável ao meio. E como poderia não ser na minha situação de nómada escolar?


A cantina podia ser um bom motivo para odiar aquela escola porque odiava a comida de lá. Na altura a comida era muito pesada.

E também odiava a hora dos trabalhos de casa depois das aulas.
Até há pouco tempo era eu que controlava tudo e fazia os meus próprios horários de trabalho e estudo e de repente fui obrigada a frequentar aulas extra para fazer os trabalhos de casa.

Ainda por cima os meus pais não percebiam o que estavam a fazer, e o quanto era difícil para mim adaptar-me a tal situação e obrigavam-me a fazer tudo naquela hora.
Quando chegasse a casa já não podia fazer o resto se não tivesse feito na tal aula extra.



Quer dizer, é claro que, de vez em quando, quando eu não acabava os TPC na tal aula extra, eu fazia o resto às escondidas em casa. Mas nem sempre isso era possível.



Mas o meu maior medo era outro. O Colégio também tinha a opção de internato. E eu pedia aos meus pais quase todos os dias para nunca me deixarem lá durante a noite.

Os meus pais respondiam sempre: "Claro que não, filha".

Mas vá se lá saber. Podia haver sempre uma tentação de me deixar lá por causa dos horários deles. E eles não tinham lá mais ninguém para cuidar de mim depois do horário da escola.


Enfim, não foram os melhores momentos da minha vida, mas passou.

Nem sabem o quanto feliz fiquei ao saber que ia sair daquela escola no ano a seguir...


Uff









quinta-feira, 2 de maio de 2013

quarta-feira, 1 de maio de 2013

As Festas Multi-Géneros!!



Que idade fantástica é a puberdade. 

As borbulhas, as metamorfoses corporais, as mudanças de humor, o desejo incontrolável de provocar mini ataques-cardíacos aos nossos pais e, claro,...

as FESTAS Multi-Géneros!!!

...


Mas não estamos ainda nessa fase. 
Sim, ainda estamos na fase da escola primária. 

E tudo começou mais cedo na minha vida e na vida dos meus amigos.

Graças à super rapariga das festas!
Vamos chamar-lhe AM.


A AM era uma rapariga muito popular graças às suas festas e dos seus brinquedos e jogos sempre espectaculares.


E vocês devem de estar a pensar: mas eu quando andava na primária também tinha festas com rapazes e raparigas e não era por isso que eram festas "pré-adolescentes"!

Claro, claro. 

Mas as festas da AM eram muito avançadas.


Os pais quase não se preocupavam em supervisionar as festas.
Logo, a supervisão adequada a qualquer festa de miúdos era quase nula e daí é um pequeno passo para as famosas festas "pré-adolescentes", em que pode não haver álcool, nem drogas, mas que deixam de ser completamente inocentes se deixarmos crianças à solta.


Estas festas começaram no primeiro ano. Cada vez que a AM fazia anos.
Mas só começaram a tornar-se "festas pré-adolescentes" praí no segundo ou terceiro ano.

Eram sempre à noite. E não haviam adultos para além do pai e da mãe da AM.
E nem sempre estavam os dois.
E quando haviam mais alguns pais, eles punham-se na conversa no jardim e esqueciam completamente os filhos dentro de casa.
Não de uma forma irresponsável.
É óbvio que eles sabiam que estava tudo bem e que estávamos em segurança.
Mas esqueciam-se que as crianças sozinhas, em grupo, de ambos os sexos à solta é, como dizem os brasileiros, de soltar a franga.


O quarto escuro era o jogo mais popular.
Sim, já jogávamos ao quarto escuro naquela altura.
Demasiado cedo, na minha opinião.


No princípio era apenas um jogo de escondidas e até era divertido, mas havia sempre alguém que se aproveitava do jogo e as coisas começaram a tornar-se esquisitas para alguns.


Eu, por exemplo, tive algumas surpresas bem desagradáveis.


Ainda não sou mãe, mas estas situações precoces podem não ser saudáveis e podem levar a comportamentos futuros mais ousados e que podem levar a consequências irreversíveis.

Ou não.


E também eram outros tempos.

Na verdade não vou a uma festa de crianças há muito tempo.

Mas do pouco conhecimento que tenho acerca de festas a menores de 11 anos, através do meu primo Miguel de 10 anos, são normalmente feitas de tarde, que podem estender-se até à noite, mas que os pais estão presentes e é tudo supervisionado.

A questão é: Será normal deixar crianças com cerca de seis, sete, oito anos, de ambos os sexos, brincarem ao quarto escuro?



Se não é normal, então a minha infância foi uma raridade bastante... "engraçada"...







segunda-feira, 29 de abril de 2013

Recreio das Fantasias e... dos Horrores!



Escola Primária.

O lugar onde começam os infortúnios dos estudantes. 

Trabalhos de Casa, Fichas de Avaliação, Exercícios,... 

Mas nem mesmo esse lugar ultrapassa o centro de contradições que é...

O RECREIO!!


O Recreio tinha várias fases.

Uma delas - a mais harmoniosa - era quando os rapazes jogavam à bola e mantinham os "rufias" distraídos e longe das suas vítimas ou a "confraternizar" com elas através do futebol (menos mal).
Nessa fase as raparigas brincavam à parte. Fingíamos que éramos as Spice Girls ou que já éramos adolescentes.

A Escola Primária da Golegã ficava muito perto do ciclo. Por isso, podíamos ver os estranhos comportamentos da fase da vida seguinte, a adolescência.

 Achávamos tudo fantástico! As roupas, os grupos, os romances, os aparelhos nos dentes e as borbulhas... :S

Todo esse estranhíssimo fascínio vinha dos enredos das animes japonesas e das novelas.

Mas também brincávamos às famílias. Cada um era um membro da família. Havia a mãe, o pai, os filhos adolescentes, crianças e bebés, os avós, os tios, os primos,...

Eu era sempre a bebé. Não sei bem porquê.

Diziam que era porque eu tinha cara de bebé, mas tendo em conta as nossas idades na altura, isso parece-me um absurdo porque todos tínhamos cara de bebé.

Uns mais do que outros, é certo.

Mas era muito chato para mim porque eu tinha de passar quase o recreio inteiro a fingir que chorava quando tinha "fome" e sentada num velho pneu debaixo de uma laranjeira rodeada de laranjas podres no chão.


Estas eram as brincadeiras mais frequentes, mas haviam, claro, as tradicionais: macaca, corda, apanhada, escondidas,...

Tudo parecia um paraíso. Até haver a fase dos rufias.

Quando os rufias da escola não tinham mais nada que fazer (e devo dizer-vos que se aborreciam com facilidade) espalhavam o terror pela escola.

Normalmente haviam dois rufias. Não vou dar nomes.

Cada um deles tinha um grupo selectivo de "vítimas".

Felizmente, eu fazia parte do "menos mau". Mas isso não impedia a colecção de nódoas negras que ele "gentilmente" me oferecia quase todos os dias.

Acho que devo ter levado biliões de sermões por causa das nódoas negras nas pernas. A minha mãe dizia sempre: "Tu não podes andar assim. Isso faz muito mal à pele."

Devo ter dito algumas vezes à minha mãe que eram das brincadeiras, porque cada vez que dizia que eram de pontapés ela dizia que eu devia pedir ao menino que parasse com aquilo.

Nunca soube em que planeta vivia a minha mãe, mas com certeza não era neste. Neste planeta não se pede ao rufias para pararem com o que quer que seja.

Sinceramente, o que é que ela queria? Talvez uma conversa do tipo:

Vítima: "Por favor, podes parar de me dar pontapés? Faz muito mal à minha pele."
Rufia: "Com prazer. Peço desculpa se te magoei."

Hoje chamam-lhe bullying.

Neste caso bullying físico. O que não quer dizer que não houvesse alguns nomes pelo meio de vez em quando para quebrar a monotonia do dia.

Mas as nódoas negras não foram a grande preocupação da minha mãe. Mas sim o beliscão.

Houve um dia em que cheguei com um beliscão a casa. Não me lembro de pormenores, mas a verdade é que não foi um beliscão normal.

Foi daqueles que fazem a nossa mãe levar-nos ao médico, estão a perceber?

As nódoas negras já era um assunto frequente no médico devido à minha pele ser muito branca e fina.

Mas o beliscão aparentava ser algo alarmante. Ao ponto do médico mandar a minha mãe consultar imediatamente um especialista.

O beliscão tornara-se uma bola escura e feia.

Conclusão: tive de fazer uma pequena cirurgia a laser porque o meu amigo deu-me um beliscão que se estava a transformar num carcinoma.

Fantástico!

Claro que o meu pai não deixou passar a ocasião de se vestir a rigor (com a farda da GNR) e fazer uma visitinha à minha professora.

Posso dizer que o rufia não deixou de ser rufia e eu não deixei de ser vítima, mas as coisas acalmaram e eu podia, finalmente, chegar a casa com umas pernas mais brancas que negras.



Uma história com um final feliz!



E assim se passavam os dias...

no RECREIO!!











quarta-feira, 27 de março de 2013

Eu no Zoo de Lisboa - Um dos meus locais favoritos são os Zoo's e Parques Naturais de Animais



Uma das minhas famosas sestas de conchas no Alentejo


O primeiro dia da primeira classe - Antiga Escola Primária da Golegã

Este vestido amarelo é um clássico!
E os sapatinhos de camurça ainda mais!



segunda-feira, 25 de março de 2013

Novo Mundo --> Trabalhos de Casa, Estudos, Leituras, Responsabilidades,...



Acho que fui das crianças mais responsáveis que alguma vez houve neste planeta!


Com apenas 6 anos, quando chegou a altura da escola primária e das actividades extracurriculares, o meu pai disse: 

"Inês, este é o caminho para a escola e este é o caminho para a escola de música, a partir de hoje estás por tua conta. Vais de manhã, vens almoçar a casa e à tarde voltas a casa ou vais para a escola de música a estas horas. E sem atrasos! Porque não fica bem chegarmos atrasados a lado nenhum, ouviste?"

E como eu sempre tive um medo terrível de ver o meu pai zangado, ou pior, desiludido comigo, fiz sempre de tudo para levar os seus conselhos muito a sério. É bom pai, mas muito autoritário. 

E só para verem como eu não estou mesmo nada a exagerar, prestem atenção...

A nossa casa na Golegã ficava no primeiro andar do posto da GNR porque o meu pai era o comandante (vai-se lá perceber isto). Por isso ele sabia sempre quando eu chegava a casa. Ou ouvia ou os outros guardas (traidores =)) o avisavam.

Houve um dia em que eu cheguei a casa, num horrível dia de chuva, com o meu pequeno chapéu-de-chuva amarelo (que saudades daquele chapéu) e com a minha pequena mochila verde e azul do sapo da nico, completamente encharcada dos pés à cabeça. 

O meu primeiro pensamento foi: "Se me despachar a secar tudo e a trocar de roupa pode ser que o meu pai não ralhe tanto.". 

Ele odiava que eu me molhasse. Nem que fosse apenas a ponta dos sapatos. 

Vocês devem de estar a pensar que o meu pensamento mais lógico seria secar tudo e trocar de roupa para que ele nem reparasse sequer, e não ficar à espera de raspanete mesmo que fosse mais leve. 

Mas eu sabia bem que o meu pai sabia que estava a chover e que eu vinha a pé. As probabilidades de me molhar eram grandes e ele iria perguntar-me se eu não dissesse nada. 

E era completamente impensável tentar mentir ao meu pai. E completamente impossível. 
Ele detectava sempre e ia acabar por me dar um castigo ou pior.

Pois bem, tive pouca sorte e comecei a ouvir os seus passos nas escadas. Não havia nada a fazer. "Ia apanhar uma sova na certa." pensei eu. Fiquei completamente quieta à espera de ver a maçaneta da porta rodar. 

E quando aconteceu, o meu pai entrou. 

Olhou instantaneamente para o barulho ensurdecedor do aquecedor-secador com os livros, cadernos, mochila e sapatos a secar e depois olhou para mim. 

No momento em que as suas sobrancelhas começaram a arquear, até ao ponto de quase ficarem em linha vertical, eu, simples e directamente falando, "mijei-me" pelas pernas abaixo!!

Acho que foi dos episódios mais aterradores de que me lembro.

Mas sabem que mais? Não aconteceu nada. 

Acabei por me safar de uma boa sova e do castigo. 

Bom, não me safei do raspanete, que acabou por se direccionar mais por sujar o tapete de xixi do que propriamente pela molha. Mas acabou tudo em bem. Yééé.

Quando relembramos esta história lá em casa o meu pai defende a sua posição dizendo que eu estava sempre até às últimas para fazer xixi e que qualquer dia isso ia acabar por acontecer. 

Não está totalmente errado. Eu estava mesmo até às últimas para ir fazer xixi quando estava a fazer algo divertido. 

Mas, claro está, que a forma como ele se ia transformando num ogre verde, cheio de sobrancelhas e bolhas volumosas, ia fazer qualquer criança fazer xixi num tapete, como um cachorrinho, mesmo sem qualquer vontade.


Mas voltando às responsabilidades... Não pensem que as minhas responsabilidades acabavam quando eu chegava a casa. Havia uma outra regra. 

Chegava a casa, lanchava (e enquanto lanchava podia ver televisão) e logo a seguir ao lanche ia fazer os trabalhos de casa para depois ele os corrigir. 

Claro que eu prolongava sempre o meu lanche até ter terminado a hora dos desenhos animados. 

A não ser, claro, que o meu pai me ouvisse no andar de baixo e decidisse que estava na hora de ver se estava tudo bem. 

Ele chegava e dava-me a cara para eu o cumprimentar com um beijo e perguntava sempre "Como foi a instrução?" (Mesmo à militar se querem saber. Quem é que chama instrução à escola?)

Eu respondia-lhe sempre que tinha corrido tudo bem e que tinha acabado de lanchar e ia fazer os trabalhos de casa. 

Ele não era tonto nenhum, como já devem ter percebido. Mas, por alguma razão inexplicável, deixava sempre passar essa. Talvez percebesse que depois daquela hora já não haviam mais desenhos animados. 

E comentava sempre o que eu via. "É só isto que tu vês? Violência?" e eu respondia "Não é violência, papá. É o dragonball!".  À qual ele respondia sempre "É violência! Estão sempre a atacar-se uns aos outros. Eu nem devia deixar-te ver isso, mas pronto". 

Nem sei bem porque dizia aquilo, porque na hora de almoço, antes de dar sempre a Cinderela que eu adorava ver, o meu pai delirava a ver o Zorro. 

E isto passava-se todos os dias da semana, excepto os dias em que ia para a natação ou para a música (que pensando bem eram quase todos). E às vezes, às sextas-feiras, quando podia fazer os trabalhos no fim-de-semana, ia para o posto da GNR chatear os guardas ou vê-lo trabalhar na sua grande secretária.

Meu Deus, eu ADORAVA vê-lo trabalhar. Ele não gostava muito que eu ficasse especada a olhar para ele e aborrecia-se facilmente. Mas antes que isso acontecesse e me expulsasse dali como um mosquito, eu aproveitava todos os momentos em que podia ficar perto dele a idolatrá-lo. 

Mais tarde ele arranjou uma mini secretária no outro canto da sala (o mais longe possível da sua enorme secretária) para que eu pudesse sossegar e ficar lá a escrever ou a desenhar. Ou a imitá-lo (secretamente).

 É estranho pensar que um homem tão rígido e inflexivel como o meu pai seja um grande modelo para mim de alguma forma. 

A sério! 

Ainda hoje é. 

Continuo a gostar de vê-lo trabalhar (hoje já não como GNR mas como empresário de táxis). Continuo a achar a sua forma de gestão e as suas competências de adaptação ao mundo à sua volta incríveis. 

Enfim, vou continuar a trabalhar para o dia em que ele se orgulhe de mim de verdade.

Até lá, posso apenas observar como sempre fiz...