Toda a gente sabe que passar tempo em casa dos avós é COMPLETAMENTE diferente de passar em casa com os pais.
Sou filha única.
Isto já diz muita coisa. Passava demasiado tempo sozinha.
Haviam aqueles que tinham amigos imaginários e eu não era excepção. Mas eu desenhava-os a todos. E desenhava as suas famílias, criava histórias, dramas, uma vida inteira...
E isto começou no Tramagal.
Todos os meses de Agosto eu ia para casa da avó materna.
Este mês era dividido por duas fases.
A Fase com o João e o Pedro. E a Fase sem o João e o Pedro.
A primeira era simplesmente fantástica.
Os meus primos e eu éramos uma equipa e tanto.
Riamos e riamos horas e horas sem fim.
Bastava eu chegar a casa da avó deles (irmã da minha avó) e eles olharem para mim.
Não precisávamos dizer nada.
Desatávamos logo a rir.
Adorávamos os desenhos animados de acção e super-heróis.
Os clássicos: dragon ball e navegantes.
Mas houve um outro que inspirou a mais clássica de todas as brincadeiras.
Starla e as Jóias Encantadas
Nós pegávamos em molas da roupa e gritávamos:
"Pelo poder do Sol.
Pelo poder da Lua.
Pelo poder do Coração."
E desatávamos todos a rir e a atirar molas por tudo quanto era sítio.
Ao final do dia havia molas até na casa da vizinha.
Brincávamos aos casamentos e famílias.
Tocávamos às campainhas e fugíamos.
Fazíamos bolos de terra e massa de lacinhos.
E quando a irmã deles, a minha prima Priscila, estava por lá também, adorávamos chateá-la de morte até ela gritar de fúria.
Começávamos a gritar por ela e a chamar-lhe pintarola.
Quando ela estava mesmo aborrecida e com preguiça demais para nos atacar íamos provocá-la, dando-lhe beijos nos ombros até ela ter de se levantar para nos bater.
E quando estávamos mesmo aborrecidos, um dos rapazes perguntava: "Oh Inês, já viste as mamas da Priscila? São tão grandes!" e eu dizia: "Não devem de ser assim tão grandes".
Para analisar e confirmar o tamanho das mamas naquele verão íamos espreitá-la durante o banho.
Claro que quando ela descobria não ficava nada contente e já sabíamos que assim que se vestisse ia desatar a correr atrás de nós como uma gorila.
Era bastante divertido.
Para nós. Não para ela. Que já era adolescente.
Claro que uma hora ou outra éramos castigados e obrigados a ficar com as avós sentadinhos no sofá a ver televisão.
Cada vez que soltávamos um risinho ou olhávamos uns para os outros éramos controlados com uma mão de avó.
Isto quando uma delas não tinha ao pé de si uma colher de pau. Era bastande assustador.
Mas quando um de nós se lembrasse e gritásse: "ZÉ POMBO". Desatávamos a correr de um lado para o outro e a gritar. Não sei como não tivemos ataques cardíacos ou hérnias de tanto gritar.
As avós ficavam logo desalmadas a tentar sossegar-nos. Mas isso nunca acontecia e acabavam por gritar também: "Deixem-se disso! O homem é doente e nunca fez mal a ninguém."
Ainda gritávamos mais.
O Zé Pombo era um homenzinho que deambulava pelo Tramagal. Nem sabíamos bem porque tínhamos medo dele. Só sabíamos que ouvir o nome dele dava-nos um ataque de adrenalina e desatávamos a espernear e a gritar.
Era automático. Já não havia nada a fazer.
Por isso, quando os meus primos estavam no Tramagal ao mesmo tempo que eu, as nossas avós esticavam o segredo o mais que podiam porque sabiam que assim que soubéssemos que estavamos na mesma terra, já ninguém tinha descanso.
Mas não valia o esforço.
Nós sentíamos a presença uns dos outros de longe.
Assim que a minha avó via os gémeos no portão dela desatava a gritar aflita.
"Que estão vocês aqui a fazer? A Inês está sossegada lá em cima não venham buscá-la para fazer disparates!"
Claro que eu ouvia a avó a dizer aquilo e desatava logo a correr para ir ter com eles.
"Não te quero ao pé deles, Inês!" dizia muito aflita a avó.
Eu ignorava completamente.
Queria brincar.
Apenas e só.
E quando ela não deixava tinha de fugir.
Era a vida.
E vivi-a muito bem.
Sou filha única.
Isto já diz muita coisa. Passava demasiado tempo sozinha.
Haviam aqueles que tinham amigos imaginários e eu não era excepção. Mas eu desenhava-os a todos. E desenhava as suas famílias, criava histórias, dramas, uma vida inteira...
E isto começou no Tramagal.
Todos os meses de Agosto eu ia para casa da avó materna.
Este mês era dividido por duas fases.
A Fase com o João e o Pedro. E a Fase sem o João e o Pedro.
A primeira era simplesmente fantástica.
Os meus primos e eu éramos uma equipa e tanto.
Riamos e riamos horas e horas sem fim.
Bastava eu chegar a casa da avó deles (irmã da minha avó) e eles olharem para mim.
Não precisávamos dizer nada.
Desatávamos logo a rir.
Adorávamos os desenhos animados de acção e super-heróis.
Os clássicos: dragon ball e navegantes.
Mas houve um outro que inspirou a mais clássica de todas as brincadeiras.
Starla e as Jóias Encantadas
Nós pegávamos em molas da roupa e gritávamos:
"Pelo poder do Sol.
Pelo poder da Lua.
Pelo poder do Coração."
E desatávamos todos a rir e a atirar molas por tudo quanto era sítio.
Ao final do dia havia molas até na casa da vizinha.
Brincávamos aos casamentos e famílias.
Tocávamos às campainhas e fugíamos.
Fazíamos bolos de terra e massa de lacinhos.
E quando a irmã deles, a minha prima Priscila, estava por lá também, adorávamos chateá-la de morte até ela gritar de fúria.
Começávamos a gritar por ela e a chamar-lhe pintarola.
Quando ela estava mesmo aborrecida e com preguiça demais para nos atacar íamos provocá-la, dando-lhe beijos nos ombros até ela ter de se levantar para nos bater.
E quando estávamos mesmo aborrecidos, um dos rapazes perguntava: "Oh Inês, já viste as mamas da Priscila? São tão grandes!" e eu dizia: "Não devem de ser assim tão grandes".
Para analisar e confirmar o tamanho das mamas naquele verão íamos espreitá-la durante o banho.
Claro que quando ela descobria não ficava nada contente e já sabíamos que assim que se vestisse ia desatar a correr atrás de nós como uma gorila.
Era bastante divertido.
Para nós. Não para ela. Que já era adolescente.
Claro que uma hora ou outra éramos castigados e obrigados a ficar com as avós sentadinhos no sofá a ver televisão.
Cada vez que soltávamos um risinho ou olhávamos uns para os outros éramos controlados com uma mão de avó.
Isto quando uma delas não tinha ao pé de si uma colher de pau. Era bastande assustador.
Mas quando um de nós se lembrasse e gritásse: "ZÉ POMBO". Desatávamos a correr de um lado para o outro e a gritar. Não sei como não tivemos ataques cardíacos ou hérnias de tanto gritar.
As avós ficavam logo desalmadas a tentar sossegar-nos. Mas isso nunca acontecia e acabavam por gritar também: "Deixem-se disso! O homem é doente e nunca fez mal a ninguém."
Ainda gritávamos mais.
O Zé Pombo era um homenzinho que deambulava pelo Tramagal. Nem sabíamos bem porque tínhamos medo dele. Só sabíamos que ouvir o nome dele dava-nos um ataque de adrenalina e desatávamos a espernear e a gritar.
Era automático. Já não havia nada a fazer.
Por isso, quando os meus primos estavam no Tramagal ao mesmo tempo que eu, as nossas avós esticavam o segredo o mais que podiam porque sabiam que assim que soubéssemos que estavamos na mesma terra, já ninguém tinha descanso.
Mas não valia o esforço.
Nós sentíamos a presença uns dos outros de longe.
Assim que a minha avó via os gémeos no portão dela desatava a gritar aflita.
"Que estão vocês aqui a fazer? A Inês está sossegada lá em cima não venham buscá-la para fazer disparates!"
Claro que eu ouvia a avó a dizer aquilo e desatava logo a correr para ir ter com eles.
"Não te quero ao pé deles, Inês!" dizia muito aflita a avó.
Eu ignorava completamente.
Queria brincar.
Apenas e só.
E quando ela não deixava tinha de fugir.
Era a vida.
E vivi-a muito bem.
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