Escola Primária.
O lugar onde começam os infortúnios dos estudantes.
Trabalhos de Casa, Fichas de Avaliação, Exercícios,...
Mas nem mesmo esse lugar ultrapassa o centro de contradições que é...
O RECREIO!!
O Recreio tinha várias fases.
Uma delas - a mais harmoniosa - era quando os rapazes jogavam à bola e mantinham os "rufias" distraídos e longe das suas vítimas ou a "confraternizar" com elas através do futebol (menos mal).
Nessa fase as raparigas brincavam à parte. Fingíamos que éramos as Spice Girls ou que já éramos adolescentes.
A Escola Primária da Golegã ficava muito perto do ciclo. Por isso, podíamos ver os estranhos comportamentos da fase da vida seguinte, a adolescência.
Achávamos tudo fantástico! As roupas, os grupos, os romances, os aparelhos nos dentes e as borbulhas... :S
Todo esse estranhíssimo fascínio vinha dos enredos das animes japonesas e das novelas.
Mas também brincávamos às famílias. Cada um era um membro da família. Havia a mãe, o pai, os filhos adolescentes, crianças e bebés, os avós, os tios, os primos,...
Eu era sempre a bebé. Não sei bem porquê.
Diziam que era porque eu tinha cara de bebé, mas tendo em conta as nossas idades na altura, isso parece-me um absurdo porque todos tínhamos cara de bebé.
Uns mais do que outros, é certo.
Mas era muito chato para mim porque eu tinha de passar quase o recreio inteiro a fingir que chorava quando tinha "fome" e sentada num velho pneu debaixo de uma laranjeira rodeada de laranjas podres no chão.
Estas eram as brincadeiras mais frequentes, mas haviam, claro, as tradicionais: macaca, corda, apanhada, escondidas,...
Tudo parecia um paraíso. Até haver a fase dos rufias.
Quando os rufias da escola não tinham mais nada que fazer (e devo dizer-vos que se aborreciam com facilidade) espalhavam o terror pela escola.
Normalmente haviam dois rufias. Não vou dar nomes.
Cada um deles tinha um grupo selectivo de "vítimas".
Felizmente, eu fazia parte do "menos mau". Mas isso não impedia a colecção de nódoas negras que ele "gentilmente" me oferecia quase todos os dias.
Acho que devo ter levado biliões de sermões por causa das nódoas negras nas pernas. A minha mãe dizia sempre: "Tu não podes andar assim. Isso faz muito mal à pele."
Devo ter dito algumas vezes à minha mãe que eram das brincadeiras, porque cada vez que dizia que eram de pontapés ela dizia que eu devia pedir ao menino que parasse com aquilo.
Nunca soube em que planeta vivia a minha mãe, mas com certeza não era neste. Neste planeta não se pede ao rufias para pararem com o que quer que seja.
Sinceramente, o que é que ela queria? Talvez uma conversa do tipo:
Vítima: "Por favor, podes parar de me dar pontapés? Faz muito mal à minha pele."
Rufia: "Com prazer. Peço desculpa se te magoei."
Hoje chamam-lhe bullying.
Neste caso bullying físico. O que não quer dizer que não houvesse alguns nomes pelo meio de vez em quando para quebrar a monotonia do dia.
Mas as nódoas negras não foram a grande preocupação da minha mãe. Mas sim o beliscão.
Houve um dia em que cheguei com um beliscão a casa. Não me lembro de pormenores, mas a verdade é que não foi um beliscão normal.
Foi daqueles que fazem a nossa mãe levar-nos ao médico, estão a perceber?
As nódoas negras já era um assunto frequente no médico devido à minha pele ser muito branca e fina.
Mas o beliscão aparentava ser algo alarmante. Ao ponto do médico mandar a minha mãe consultar imediatamente um especialista.
O beliscão tornara-se uma bola escura e feia.
Conclusão: tive de fazer uma pequena cirurgia a laser porque o meu amigo deu-me um beliscão que se estava a transformar num carcinoma.
Fantástico!
Claro que o meu pai não deixou passar a ocasião de se vestir a rigor (com a farda da GNR) e fazer uma visitinha à minha professora.
Posso dizer que o rufia não deixou de ser rufia e eu não deixei de ser vítima, mas as coisas acalmaram e eu podia, finalmente, chegar a casa com umas pernas mais brancas que negras.
Uma história com um final feliz!
E assim se passavam os dias...
no RECREIO!!
Uma delas - a mais harmoniosa - era quando os rapazes jogavam à bola e mantinham os "rufias" distraídos e longe das suas vítimas ou a "confraternizar" com elas através do futebol (menos mal).
Nessa fase as raparigas brincavam à parte. Fingíamos que éramos as Spice Girls ou que já éramos adolescentes.
A Escola Primária da Golegã ficava muito perto do ciclo. Por isso, podíamos ver os estranhos comportamentos da fase da vida seguinte, a adolescência.
Achávamos tudo fantástico! As roupas, os grupos, os romances, os aparelhos nos dentes e as borbulhas... :S
Todo esse estranhíssimo fascínio vinha dos enredos das animes japonesas e das novelas.
Mas também brincávamos às famílias. Cada um era um membro da família. Havia a mãe, o pai, os filhos adolescentes, crianças e bebés, os avós, os tios, os primos,...
Eu era sempre a bebé. Não sei bem porquê.
Diziam que era porque eu tinha cara de bebé, mas tendo em conta as nossas idades na altura, isso parece-me um absurdo porque todos tínhamos cara de bebé.
Uns mais do que outros, é certo.
Mas era muito chato para mim porque eu tinha de passar quase o recreio inteiro a fingir que chorava quando tinha "fome" e sentada num velho pneu debaixo de uma laranjeira rodeada de laranjas podres no chão.
Estas eram as brincadeiras mais frequentes, mas haviam, claro, as tradicionais: macaca, corda, apanhada, escondidas,...
Tudo parecia um paraíso. Até haver a fase dos rufias.
Quando os rufias da escola não tinham mais nada que fazer (e devo dizer-vos que se aborreciam com facilidade) espalhavam o terror pela escola.
Normalmente haviam dois rufias. Não vou dar nomes.
Cada um deles tinha um grupo selectivo de "vítimas".
Felizmente, eu fazia parte do "menos mau". Mas isso não impedia a colecção de nódoas negras que ele "gentilmente" me oferecia quase todos os dias.
Acho que devo ter levado biliões de sermões por causa das nódoas negras nas pernas. A minha mãe dizia sempre: "Tu não podes andar assim. Isso faz muito mal à pele."
Devo ter dito algumas vezes à minha mãe que eram das brincadeiras, porque cada vez que dizia que eram de pontapés ela dizia que eu devia pedir ao menino que parasse com aquilo.
Nunca soube em que planeta vivia a minha mãe, mas com certeza não era neste. Neste planeta não se pede ao rufias para pararem com o que quer que seja.
Sinceramente, o que é que ela queria? Talvez uma conversa do tipo:
Vítima: "Por favor, podes parar de me dar pontapés? Faz muito mal à minha pele."
Rufia: "Com prazer. Peço desculpa se te magoei."
Hoje chamam-lhe bullying.
Neste caso bullying físico. O que não quer dizer que não houvesse alguns nomes pelo meio de vez em quando para quebrar a monotonia do dia.
Mas as nódoas negras não foram a grande preocupação da minha mãe. Mas sim o beliscão.
Houve um dia em que cheguei com um beliscão a casa. Não me lembro de pormenores, mas a verdade é que não foi um beliscão normal.
Foi daqueles que fazem a nossa mãe levar-nos ao médico, estão a perceber?
As nódoas negras já era um assunto frequente no médico devido à minha pele ser muito branca e fina.
Mas o beliscão aparentava ser algo alarmante. Ao ponto do médico mandar a minha mãe consultar imediatamente um especialista.
O beliscão tornara-se uma bola escura e feia.
Conclusão: tive de fazer uma pequena cirurgia a laser porque o meu amigo deu-me um beliscão que se estava a transformar num carcinoma.
Fantástico!
Claro que o meu pai não deixou passar a ocasião de se vestir a rigor (com a farda da GNR) e fazer uma visitinha à minha professora.
Posso dizer que o rufia não deixou de ser rufia e eu não deixei de ser vítima, mas as coisas acalmaram e eu podia, finalmente, chegar a casa com umas pernas mais brancas que negras.
Uma história com um final feliz!
E assim se passavam os dias...
no RECREIO!!
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