terça-feira, 7 de maio de 2013

Fifi



Madalena.

Ou Lena, como lhe chamava-mos. 

A Lena era uma amiga da minha mãe, muito carinhosa, que aceitava ficar comigo de vez em quando, quando a minha mãe tinha de trabalhar e não me podia deixar em mais lado nenhum.

O que era fantástico porque, a Lena não tinha filhos, mas sabia muito bem brincar comigo e deixar-me feliz. Jogávamos jogos de computador, víamos filmes, e enquanto ela preparava as refeições eu desenhava e pintava numas folhas ou num livro de pintar. 

Mas o melhor de tudo, a experiência que eu mais guardo com carinho dessa altura foi o que ela me ensinou sobre o que hoje é uma das minhas grandes paixões.

Os gatos!

Eu adoooro gatos! E tudo graças à Lena. 

Num dos dias em que a minha mãe me deixou lá, a Lena mostrou-me uma gatinha que tinha aparecido por lá. Era pequenina e muito traquina. A Lena tinha-lhe dado o nome de Chica.

A Chica foi uma gata muito especial durante os verões em que ia à Lena.  

Ela tornou-se uma companheira para a Lena e uma amiga para mim nos dias em que eu lá estava. Mas era uma gata muito exigente. Detestava festas na barriga e adorava dormir sem interrupções, sozinha, na parte de cima da casa da Lena. 

Um dia ela desapareceu. E nós ficámos muito tristes.

Mas foi por pouco tempo. E quando voltou, a Lena percebeu que a Chica estava grávida.

E foi assim que deu à luz o Teco.

O Teco tornou-se num gato muito grande e brincalhão. Eu adorava fingir que ele era um bebé e andava sempre a pegar nele ao colo e a apertá-lo.

Um dia, o Teco, que estava de mau humor, não gostou muito que eu o apertasse tanto e saltou-me para cima da cabeça e ficou lá agarrado com as unhas. 

E, claro, a Lena teve de me ir ajudar.


Mas acham que eu fiquei traumatizada?

Nem pensar!


Eu comecei a perceber que os gatos ainda eram mais fascinantes do que aquilo que eu pensava.

Eram especiais, exigentes, com as suas próprias manhas e personalidades fortes.

A Lena percebeu que eu estava completamente apaixonada pelos gatos. Ela gostava tanto deles como eu. Partilhávamos a mesma paixão pelo mundo felino.

E quando eu fiz nove anos a Lena pediu a uma vizinha dela para me arranjar uma gatinha. Uma gatinha só para mim. Para eu levar para a minha casa.

E foi assim que eu ganhei a minha primeira gata. 

A Fifi.







sábado, 4 de maio de 2013

O Colégio dos Horrores!



Era uma vez uma florzinha.
 Que começou a criar algumas raízes num pedaço de terra.

Era um pedaço de terra simples. E às vezes um pouco estranho.
Mas tinha coisas maravilhosas.

Era feliz.

Um dia chegam uns pequenos insectos voadores que agarraram nela.

Arrancaram as suas pequenas raízes e plantaram-na noutro lugar.

Esse lugar era cinzento e triste.

Quase não havia sol.

E a pequena flor começou a murchar.

Mas um dia levantou-se e disse: "Hoje estou num lugar triste, mas quem sabe amanhã possa arranjar um lugar melhor e ser feliz?"

E foi assim que a pequena flor voltou a desabrochar na esperança de viver dias felizes no futuro. 

Algo lhe dizia que esse futuro estava para chegar.




Gostaram?
Pois é, foi assim que me senti quando os meus pais voltaram a "desenraizar-me".


Em Novembro de 1998, fomos morar para uma aldeia perto da cidade de Torres Novas.

 E eu mudei de escola. 

Já estava no quarto ano. E já ia a meio do primeiro período.

Sabem o que é chegar a uma escola completamente nova e completamente horrível?


Foi o que aconteceu.


E como começaram a trabalhar em Abrantes ( a cerca de 30 km de Torres Novas) eu tive de ficar num colégio privado na cidade para ter horários mais alargados.



Engraçado porque o problema nunca foram os professores ou os colegas (bom, alguns eram um problema mas ultrapassei isso).

Mas havia alguma coisa que, simplesmente, não me "colava" àquele colégio.

Claro que houveram momentos divertidos. Eu sempre fui muito adaptável ao meio. E como poderia não ser na minha situação de nómada escolar?


A cantina podia ser um bom motivo para odiar aquela escola porque odiava a comida de lá. Na altura a comida era muito pesada.

E também odiava a hora dos trabalhos de casa depois das aulas.
Até há pouco tempo era eu que controlava tudo e fazia os meus próprios horários de trabalho e estudo e de repente fui obrigada a frequentar aulas extra para fazer os trabalhos de casa.

Ainda por cima os meus pais não percebiam o que estavam a fazer, e o quanto era difícil para mim adaptar-me a tal situação e obrigavam-me a fazer tudo naquela hora.
Quando chegasse a casa já não podia fazer o resto se não tivesse feito na tal aula extra.



Quer dizer, é claro que, de vez em quando, quando eu não acabava os TPC na tal aula extra, eu fazia o resto às escondidas em casa. Mas nem sempre isso era possível.



Mas o meu maior medo era outro. O Colégio também tinha a opção de internato. E eu pedia aos meus pais quase todos os dias para nunca me deixarem lá durante a noite.

Os meus pais respondiam sempre: "Claro que não, filha".

Mas vá se lá saber. Podia haver sempre uma tentação de me deixar lá por causa dos horários deles. E eles não tinham lá mais ninguém para cuidar de mim depois do horário da escola.


Enfim, não foram os melhores momentos da minha vida, mas passou.

Nem sabem o quanto feliz fiquei ao saber que ia sair daquela escola no ano a seguir...


Uff









quinta-feira, 2 de maio de 2013

quarta-feira, 1 de maio de 2013

As Festas Multi-Géneros!!



Que idade fantástica é a puberdade. 

As borbulhas, as metamorfoses corporais, as mudanças de humor, o desejo incontrolável de provocar mini ataques-cardíacos aos nossos pais e, claro,...

as FESTAS Multi-Géneros!!!

...


Mas não estamos ainda nessa fase. 
Sim, ainda estamos na fase da escola primária. 

E tudo começou mais cedo na minha vida e na vida dos meus amigos.

Graças à super rapariga das festas!
Vamos chamar-lhe AM.


A AM era uma rapariga muito popular graças às suas festas e dos seus brinquedos e jogos sempre espectaculares.


E vocês devem de estar a pensar: mas eu quando andava na primária também tinha festas com rapazes e raparigas e não era por isso que eram festas "pré-adolescentes"!

Claro, claro. 

Mas as festas da AM eram muito avançadas.


Os pais quase não se preocupavam em supervisionar as festas.
Logo, a supervisão adequada a qualquer festa de miúdos era quase nula e daí é um pequeno passo para as famosas festas "pré-adolescentes", em que pode não haver álcool, nem drogas, mas que deixam de ser completamente inocentes se deixarmos crianças à solta.


Estas festas começaram no primeiro ano. Cada vez que a AM fazia anos.
Mas só começaram a tornar-se "festas pré-adolescentes" praí no segundo ou terceiro ano.

Eram sempre à noite. E não haviam adultos para além do pai e da mãe da AM.
E nem sempre estavam os dois.
E quando haviam mais alguns pais, eles punham-se na conversa no jardim e esqueciam completamente os filhos dentro de casa.
Não de uma forma irresponsável.
É óbvio que eles sabiam que estava tudo bem e que estávamos em segurança.
Mas esqueciam-se que as crianças sozinhas, em grupo, de ambos os sexos à solta é, como dizem os brasileiros, de soltar a franga.


O quarto escuro era o jogo mais popular.
Sim, já jogávamos ao quarto escuro naquela altura.
Demasiado cedo, na minha opinião.


No princípio era apenas um jogo de escondidas e até era divertido, mas havia sempre alguém que se aproveitava do jogo e as coisas começaram a tornar-se esquisitas para alguns.


Eu, por exemplo, tive algumas surpresas bem desagradáveis.


Ainda não sou mãe, mas estas situações precoces podem não ser saudáveis e podem levar a comportamentos futuros mais ousados e que podem levar a consequências irreversíveis.

Ou não.


E também eram outros tempos.

Na verdade não vou a uma festa de crianças há muito tempo.

Mas do pouco conhecimento que tenho acerca de festas a menores de 11 anos, através do meu primo Miguel de 10 anos, são normalmente feitas de tarde, que podem estender-se até à noite, mas que os pais estão presentes e é tudo supervisionado.

A questão é: Será normal deixar crianças com cerca de seis, sete, oito anos, de ambos os sexos, brincarem ao quarto escuro?



Se não é normal, então a minha infância foi uma raridade bastante... "engraçada"...